CAQUINHOS - O PRIMEIRO MEME DA ARQUITETURA BRASILEIRA
A história de como surgiu uma das estéticas mais conhecidas em residências brasileiras.
Publicado em: 17/04/2014
A história da origem das coisas é algo sempre interessante. Seja a origem das palavras, de hábitos ou da nossa própria vida. Sobre a origem dos mosaicos, sabemos que é algo tão antigo quanto a humanidade. Considerados como uma "pintura para a eternidade", dada a durabilidade dos seus materiais, os mosaicos narram a história da arte desde a Macedônia, em preto e branco, às coloridíssimas muretas de Gaudí em Barcelona.
No Brasil, o mosaico despretensioso de um operário do ABC paulista, em frente à sua casinha, se tornou num meme (termo grego que significa imitação, mas que ganhou popularidade na internet, referindo-se a um fenômeno em que uma pessoa, um vídeo, uma imagem, uma frase, uma ideia etc. alcança muita popularidade entre os usuários), que marcou a arquitetura paulistana nas décadas de 40 e 50. Estava aí, a origem dos caquinhos avermelhados das casas paulistanas.


A história conta, que nesta época, São Paulo era servida por duas industrias de cerâmicas principais. Uma delas, a Cerâmica São Caetano, instalada no ABC paulista em 1913, famosa pelos ladrilhos, telhas e tijolos refratários, foi uma empresa que ditou o padrão de excelência da época, e o modelo que as olarias concorrentes deviam atingir. No processo industrial praticado, sem maiores preocupações com produtividade, aconteciam muitas quebras e esse material quebrado sem interesse econômico era juntado e enterrado em grandes buracos nas proximidades da fábrica.
Nos bairros próximos, os lotes operários eram enormes para os padrões de hoje (10 x 30m ou no mínimo 8 x 25m), eram casas com espaço para jardim e quintal. A preocupação com jardins, era algo inexistente ou cara demais para a massa, logo ambos eram revestidos por lajotas de cerâmica de 20x20 cm, ou no caso da classe operária, cimentar era a regra.
Certo dia, um dos empregados da fábrica estava terminando sua casa e não tinha dinheiro suficiente para cimentar o seu terreno. Ele então se lembrou do refugo da fábrica, e dos vários caminhões que todos os dias levavam esse material para ser enterrado. O empregado pediu autorização para recolher parte do material rejeitado e usar na pavimentação do terreno de sua nova casa. A fábrica topou, e ainda lhe entregou o material de bom grado.
A Fábrica trabalhava basicamente com lajotas em três cores, vermelha, amarela e preta. Por um acaso, os caquinhos despejados na casa deste operário eram quase todos vermelhos, salvo algumas pequenas quantias de amarelo e preto. Ao assentar os cacos cerâmicos, ele inseriu alguns cacos pretos e amarelos aqui e acolá, para quebrar a monotonia do vermelho. E a entrada da casa do operário ficou linda! Gerando comentários positivos na vizinhança, que começou a pedir caquinhos na fábrica, que por sua vez, adorou a ideia, já que não precisaria gastar dinheiro com a disposição.

E como tudo que é belo é contagiante, a solução despretensiosa do operário virou moda! E até jornais começaram a noticiar a nova mania paulistana. A fábrica de cerâmica logo resolveu seu problema de dispensa do refugo, mas percebeu que a demanda por caquinhos era maior que a demanda por lajotas inteiras. E a empresa passou a quebrar a suas próprias lajotas perfeitas e vender a preço maior que a peça integra. Que lógica! A justificativa da fábrica era o custo adicional da operação.

Porém, essa lógica de mercado não é tão incomum assim. Basta lembrar dos jeans rasgados de operários, que ganharam as passarelas nos anos 80, e hoje custam mais caros que jeans inteiros.
Assim, a arte, ou a repercussão dela, fez um produto sem valor comercial nenhum, passar a ter mais valor que o produto original. Essa é a história dos caquinhos vermelhos da Grande São Paulo, que até hoje encontramos, repaginados em casas modernas, dando aquele ar retrô de casa aconchegante.


No Brasil, o mosaico despretensioso de um operário do ABC paulista, em frente à sua casinha, se tornou num meme (termo grego que significa imitação, mas que ganhou popularidade na internet, referindo-se a um fenômeno em que uma pessoa, um vídeo, uma imagem, uma frase, uma ideia etc. alcança muita popularidade entre os usuários), que marcou a arquitetura paulistana nas décadas de 40 e 50. Estava aí, a origem dos caquinhos avermelhados das casas paulistanas.


A história conta, que nesta época, São Paulo era servida por duas industrias de cerâmicas principais. Uma delas, a Cerâmica São Caetano, instalada no ABC paulista em 1913, famosa pelos ladrilhos, telhas e tijolos refratários, foi uma empresa que ditou o padrão de excelência da época, e o modelo que as olarias concorrentes deviam atingir. No processo industrial praticado, sem maiores preocupações com produtividade, aconteciam muitas quebras e esse material quebrado sem interesse econômico era juntado e enterrado em grandes buracos nas proximidades da fábrica.
Nos bairros próximos, os lotes operários eram enormes para os padrões de hoje (10 x 30m ou no mínimo 8 x 25m), eram casas com espaço para jardim e quintal. A preocupação com jardins, era algo inexistente ou cara demais para a massa, logo ambos eram revestidos por lajotas de cerâmica de 20x20 cm, ou no caso da classe operária, cimentar era a regra.
Certo dia, um dos empregados da fábrica estava terminando sua casa e não tinha dinheiro suficiente para cimentar o seu terreno. Ele então se lembrou do refugo da fábrica, e dos vários caminhões que todos os dias levavam esse material para ser enterrado. O empregado pediu autorização para recolher parte do material rejeitado e usar na pavimentação do terreno de sua nova casa. A fábrica topou, e ainda lhe entregou o material de bom grado.
A Fábrica trabalhava basicamente com lajotas em três cores, vermelha, amarela e preta. Por um acaso, os caquinhos despejados na casa deste operário eram quase todos vermelhos, salvo algumas pequenas quantias de amarelo e preto. Ao assentar os cacos cerâmicos, ele inseriu alguns cacos pretos e amarelos aqui e acolá, para quebrar a monotonia do vermelho. E a entrada da casa do operário ficou linda! Gerando comentários positivos na vizinhança, que começou a pedir caquinhos na fábrica, que por sua vez, adorou a ideia, já que não precisaria gastar dinheiro com a disposição.

E como tudo que é belo é contagiante, a solução despretensiosa do operário virou moda! E até jornais começaram a noticiar a nova mania paulistana. A fábrica de cerâmica logo resolveu seu problema de dispensa do refugo, mas percebeu que a demanda por caquinhos era maior que a demanda por lajotas inteiras. E a empresa passou a quebrar a suas próprias lajotas perfeitas e vender a preço maior que a peça integra. Que lógica! A justificativa da fábrica era o custo adicional da operação.

Porém, essa lógica de mercado não é tão incomum assim. Basta lembrar dos jeans rasgados de operários, que ganharam as passarelas nos anos 80, e hoje custam mais caros que jeans inteiros.
Assim, a arte, ou a repercussão dela, fez um produto sem valor comercial nenhum, passar a ter mais valor que o produto original. Essa é a história dos caquinhos vermelhos da Grande São Paulo, que até hoje encontramos, repaginados em casas modernas, dando aquele ar retrô de casa aconchegante.

