Talento goiano em NYC
Designer de interiores goianiense Catarine Wright despontou no mercado americano e agora volta seu olhar novamente para solo brasileiro
Catarine Wright é goiana, nascida na capital. E por mais que tenha alçado novos voos logo cedo, nunca perdeu seu laço com a cidade. Há oito anos ela vive em Nova Jersey, tendo uma vista privilegiada de Manhattan como companhia diária. “Desde jovem, tenho admiração por Design de Interiores e Arquitetura, sentimento determinante na escolha da minha profissão. Certamente, houve uma influência familiar, ou seja, a herança de um olhar diferenciado pelos objetos, pelos detalhes”, relembra a profissional. Após concluir os estudos na Nova Zelândia, ela foi para os Estados Unidos, onde ingressou na NYSID, em Manhattan, uma instituição representada pelo pensamento criativo, e por ser classificada no Programa nº1 nos EUA em Design de Interiores.
Ao longo da carreira, Catarine conheceu o curador Larry Weinberg, dono da Modern Antiquário Weinberg, localizado no New York Design Center. “Seguramente, foi um trabalho incrível, porque nesta galeria. Larry me ensinou a olhar para cada objeto de uma maneira especial”, garante. Outra experiência que marcou a trajetória da goiana foi exercer a função de Designer Principal na James Rixner Inc., empresa especializada em projetos para residências, que está no mercado há 35 anos, dirigida por James Rixner, profissional renomado no cenário estadunidense.
“Considero que vivenciar
diferentes atividades me fizeram estar hoje, cem por cento envolvida com
trabalhos inerentes ao designer de interiores”, enfatiza a profissional, que
tem sua relação com a arte muito ligada aos sentidos. Em entrevista exclusiva
ao Anual Design, Catarine Wright fala um pouco mais sobre sua história de vida
e sua carreira. Confira a seguir:
1.
Você mora nos Estados Unidos, como você analisa o mercado de lá? Fale sobre a
sua rotina de trabalho.
O mercado americano,
especificamente o mercado de NY para o profissional de design de interiores,
que trabalha diretamente com produtos e serviços está em revolução. Temos que
compreender e aprender a lidar com a era digital, que disponibiliza ferramentas
espetaculares para a criação e produção dos projetos de interiores.
Em Nova York o mercado é
pulsante, tanto na diversidade de profissionais qualificados como das
diferentes instituições de referências para a formação do profissional de
design de interiores. Além da variedade e qualidade dos produtos, associados às
diversificadas opções de fornecedores locais e internacionais. Com a
experiência de presidir da Interior Design Society de NY percebo uma
preocupação dos profissionais americanos de associarem a logística do mercado
com as necessidades do cliente, principalmente humanizando os projetos com um
apelo de sustentabilidade. Também é notável nos designes de NY uma formação
cultural de grande dimensão.
Falar da minha rotina de trabalho não é tão
fácil, porque é na maioria das vezes desafiadora. Vivemos fases diferentes
durante o processo, desde a formalização do contrato, criação do projeto,
curadoria dos objetos, mobiliários e coordenação das equipes envolvidas, enfim,
meus dias geralmente são ocupados com as atividades respectivas a cada fase do
processo. Trata-se de uma rotina de muito trabalho e dedicação em busca do
melhor resultado.
2.
O seu trabalho tem algum estilo predominante? Quais são as suas inspirações?
Nas minhas propostas não
permito que apenas um estilo limite o momento criativo, sempre escuto o cliente
e tento criar o ambiente que melhor atenda suas expectativas. Não me preocupo
em seguir à risca as características e normas de um único estilo. Na maioria
das vezes utilizo de maneira inventiva os aspectos mais tradicionais com suas
linhas elegantes e um ar de requinte, com uma predominância luxuosa e ousada
das peças, como a utilização de tons bege, branco e tonalidades mais cruas. Ao
mesmo tempo me sinto influenciada pelas décadas de 50, 60,70 recorrendo a um
estilo mais dinâmico aos ambientes, trazendo o mobiliário mais baixo e alongado
em linhas retas, dando um ar de sofisticação, uso um material inusitado, onde
os contrastes não se chocam, mas se completam.
3.
Você atua diretamente com o mercado de luxo. Quais são os maiores desafios?
Considero meu trabalho pautado pela elegância, e contemporaneidade. Um estilo estético que reflete o sofisticado. É sempre com esta medida de referência em mente que trabalho os ambientes. Existe uma maior tendência ou predominância de investir em objetos exclusivos, dependendo do potencial de cada cliente. Busco frequentemente alternativas que valorizam os tons mais suaves, iluminações indiretas, entre outros elementos que proporcionam um ambiente mais intimista, eu utilizo geralmente, adornos requintados, que imprimem a sobriedade ao espaço. E sem dúvida, estarei sempre aberta para novas práticas, conferir novas tendências do mercado.
Quanto aos desafios, são distintos para cada projeto. Começam desde a criação do projeto até a publicação dos resultados. Temos etapas que exigem mais criatividade, talento e cautela. A curadoria das peças é uma das fases mais laboriosa e delicada, porque demanda uma escolha sempre integrada a outros aspectos do projeto.
4.
Agora que você está se voltando para o mercado brasileiro, mais especificamente
para Goiânia, como você analisa essa experiência?
Ter a oportunidade de trabalhar no mercado
brasileiro, em especial na cidade de Goiânia é mais que uma meta, é um sonho.
Penso que para isso acontecer é importante contar com a tecnologia como uma
ferramenta essencial e uma equipe de profissionais qualificados e de forma
organizada desenvolver o trabalho realizando uma gestão compartilhada e uma
logística cronologicamente bem elaborada. Ou seja, a proposta é sistematizar o
trabalho.
Meu interesse por trazer meu
trabalho para o Brasil surgiu a partir da análise dos diferentes valores
culturais entre os lugares, em particular formar uma nova concepção do meu
trabalho, vendo o espaço se configurar como expressão de tendências de um
determinado grupo social, que possivelmente refletirá na criação do projeto. E
tudo isso me faz pensar no espaço como uma dinâmica entre os indicadores de
múltiplas realidades, tanto no país que moro, como no Brasil.