Exposição a céu aberto

Entre arte contemporânea e cultura tradicional, visitar Lisboa é fazer um tour por uma imponente galeria de arte

Publicado em: 20/01/2016


A história de Portugal é repleta de episódios marcantes. Um deles, talvez o que mais tenha estreitado a ligação entre o povo brasileiro e os portugueses, foi a fuga da Corte Real Portuguesa para o Brasil em 1808. De lá para cá muita água rolou, mas Lisboa manteve a tradição e pontos nostálgicos desse e de outros períodos, tanto na sua arquitetura quanto no estilo de vida. As artes se tornaram ainda mais expressivas e ganharam força na diversidade com que atingem o público em Lisboa. Não é à toa que a hospitalidade lisboeta tornou-se famosa. Um itinerário pela cidade tem pontos cuja parada é obrigatória.



É o caso da zona do Intendente e Mouraria, que, secularmente estigmatizada como área marginal, ganhou ares de cult ao tornar-se celeiro de artistas para lá de conceituais. A obra urbana de Joana Vasconcelos, intitulada “Kit Garden”, enquadrada no projeto de renovação da Mouraria, é um exemplo claro. Voltando à tradição, por ali a loja A Vida Portuguesa mantém o passado bastante presente, com ares dos anos 50 e mercadorias vintage. Já na fachada da loja é possível sentir o clima de anos 1950 que a atmosfera do lugar transmite.



O cenário gastronômico em Lisboa não é só vasto, é charmoso. No Bairro de Alfama você encontra mexilhões servidos com torresmo, que tal? Essa inovação é obra do restaurante Boi-Cavalo, que também tem outras misturas irreverentes em seu cardápio. O bairro ainda tem uma das vistas mais desejadas da cidade: o terraço do hotel Memmo Alfama, com destaque para a piscina vermelha com vista para o Rio Tejo sendo contemplada por uma obra de Vhils.





Na zona da Baixa e Chiado as tradições tem um aroma especial. Os doces da Confeitaria Nacional, os pastéis de nata da Manteigaria União, os vinhos da Garrafeira Nacional e o licor da Ginginha Sem Rival. Mas o queridinho do bairro, a estrela principal, é o restaurante Belcanto, do chef José Avillez, com suas duas estrelas Michelin. O Mercado da Ribeira também merece atenção, lá se pode comprar peixes frescos ou degustar pratos de chefs famosos em uma atmosfera super contemporânea.



Em Belém há arte urbana pulsante por todos os lados, como nos centros culturais Village Underground e LX Factory, espaços que pedem um passeio calmo e desacelerado para que tudo seja visto. Um tour pela região também exige visita ao Museu Nacional dos Coches, concebido por ninguém menos que Paulo Mendes da Rocha. O lugar promove uma verdadeira viagem sensorial ao passado, com veículos utilizados entre os séculos 16 e 19. Caminhar não só por Belém, mas como por toda Lisboa é avistar o contemporâneo vislumbrando a tradição e vice-versa, absorvendo arte, cultura e simbolismo. Uma experiência que vale a pena pelo menos uma vez na vida!