NATUREZA APRISIONADA

O fotógrafo mineiro, Pedro David, tem como constante inspiração o embate natureza x homem

Publicado em: 27/10/2015

 
"Deparei-me com uma plantação de eucalipto que tinha estas árvores inteiras dentro. Foi a primeira vez que vi algo deste tipo, pois normalmente desmata-se toda a área a ser plantada. Quando vi esta imagem da árvore presa dentro da mata ‘artificial’, imediatamente enxerguei todo o trabalho, e vi a oportunidade de expressar tudo o que sempre senti ao ver plantações de eucaliptos: prisão, desolação, secura, sufocamento."

 

 
Uma série de fotografias que nasceu da angústia, Sufocamento é um dos trabalhos de destaque do mineiro Pedro David. As imagens, que trazem uma forte carga emocional tiveram grande visibilidade e foram premiadas com os renomados prêmios Conrado Wessel e Poy Latam.
 


 
Pedro David (1977) vem se destacando como um dos mais atuantes e promissores fotógrafos brasileiros. O fotógrafo iniciou sua trajetória artística com o lançamento do livro Paisagem Submersa, um dos mais impactantes da fotografia nacional recente, junto com os colegas, também mineiros, Pedro Motta e João Castilho.

Paisagem Submersa documentou os locais que seriam inundados para formar o lago da usina hidrelétrica de Irapé, na região do rio Jequitinhonha, Minas Gerais. O livro deu novo gás à fotografia brasileira ao criar um fotojornalismo-documental-ficcional no qual o imaginário poético fazia parte da história.


 
O fotógrafo tem outros notáveis trabalhos, Rota: Raiz seu primeiro trabalho ‘solo’, realizado em inúmeras viagens para o interior de Minas Gerais, entre 2002 e 2008, e consiste em um bloco de notas fictício de um viajante incansável, que vai ao sertão para realizar imagens que tem em mente desde a infância, criadas pelos casos contados por seus pais.


Outro trabalho interessante é Homem Pedra que retrata uma busca por resquícios da relação entre o homem e a natureza no sertão, e foi realizado durante uma residência no sertão de Pernambuco, em 2009. Em contrapartida, Impureza, realizada na mesma viagem ao sertão, retrata um embate duro e inconsequente entre o homem e a natureza.