Caruaru norteia a criação da coleção Turbulências do designer Fábio Melo

Designer gráfico pernambucano inicia nova fase na carreira e aposta em referências culturais

Publicado em: 21/10/2015
Nascido em Pernambuco, onde se graduou em design gráfico pela Universidade Federal de Pernambuco, Fábio Melo viveu em Paris, onde estudou no Atelier Blaise Rossetti, e agora cria raízes em Goiânia.
Com um acervo cultural vasto, Fábio agora envereda no design de produtos e está lançando sua primeira coleção.

(Cartucheira)
 
Composta por 12 obras, Turbulência nasce a partir de uma curadoria barroca aliada a uma estética requintada. As peças que surgem de materiais como barro, acrílico, madeira, ferro, fibra e até peças de Lego, refletem a infância do artista e traduzem suas vivências em objetos contemporâneos.


(Pifanos)
 
Criada a partir de um convite da Zanatta Casa, renomada marca de cerâmicas localizada no interior de São Paulo, a coleção inicial havia sido meticulosamente planejada, desenhada. Ao chegar à fábrica, com o intuito de fabricar os protótipos pessoalmente, o artista encontrou um entrave: o material escolhido – o barro – não ofereceria o resultado final que ele almejava.
Assim, dentre o desespero de uma coleção não realizada e o relance de suas memórias de infância Fábio concebeu Turbulência.

(Algumas peças que compõem a coleção)
 
Levado rapidamente a seus passeios de sábado com a avó, nos quais ela sempre voltava com um funcionário que carregava um galo que deixava Fábio acuado, o artista transformou a curiosa memória  em uma de suas criações: a peça Rabo de Galo.
 
(Rabo de Galo)
 
Outra introspecção que trouxe à tona uma interessante peça, foi o olhar do artista sob sua cidade natal, Caruaru, que de acordo com ele, se assemelha a um cuscuz ao ser iluminada a noite.
Confira um pouco mais das inspirações de Fábio Melo através desse pequeno bate-papo com a equipe da Anual:
 
De uma forma geral, no design, o que te seduz?
A forma limpa, contemporânea. Apesar de ser um colecionador de arte popular.

Você tem então um pé no barroco?
Desde Vitalino, Galdino, eu tenho um grande acervo de arte popular.

Sua obra parece  ter uma curadoria barroca em uma  estética mais requintada, correto?
Acho que é exatamente este contraponto.

(Caruaru)

Outra coisa que se pode perceber é que sua obra de uma forma geral é sempre associada ao uso e não apenas a estética, não é?
Claro. Acho que essa minha preocupação vem do fato de que eu adoro receber visitas, então a flor, faz parte da minha vida. Por isso são tantos vasos e possibilidades de inserir as flores no nosso dia a dia.

Você morou em três lugares: defina o que é melhor em Recife, Goiânia e Paris.
Em Recife minhas filhas, em Goiânia meu companheiro e em Paris, a vida.