Releitura de Lina Bo Bardi

A ilustre arquiteta ítalo-brasileira é celebrada por coleção de cadeiras da Etel Interiores

Publicado em: 17/06/2015
Ela nasceu na Itália mas foi São Paulo a sede de sua arquitetura modernista, executada entre as décadas de 1950 e 1970. Ergueu paredes pouco convencionais, como as do Museu de Arte de São Paulo (Masp), do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM - BA), do SESC Pompeia e, especialmente, da sua Casa de Vidro - hoje, sede do Instituto que leva seu nome.

Lina não se restringia às formas dos edifícios. Desenvolvia estudos, elaborava projetos e programas culturais, criava funcionalidades, elaborava design de jóias e projetava cenários. Influenciou o mundo das artes, da arquitetura, da ilustração, da cenografia, dos grafismos, do design de interiores e do mobiliário.

Foto: www.domusweb.it

Retrato da arquiteta com seu gato foi recorrente ao longo de suas aparições pela mídia

Ainda em Milão, trabalhou em várias publicações especializadas e em território nacional, inaugurou a revista Habitat - A Revista das Artes no Brasil, a qual dirigiu até a edição 15, com exceção de dois volumes, dirigidos por Flávio Motta. Além de outras revistas, também dirigiu cursos e organizou exposições. Durante toda sua vida esteve envolvida com artes e desenvolvimento cultural, tendo um papel decisivo para a evolução intelectual do Brasil em sua época.

Transitou por personalidades como Oscar Niemeyer, Roberto Burle Marx, Lúcio Costa, Rocha Miranda, Athos Bulcão e Portinari, com os quais teve oportunidade de
trocar impressões e empreender uma verdadeira revolução artística, tanto no campo de pesquisa científica - já que dirigiu cursos nas escolas de ensino superior de arte ministrados por alguns destes - quanto na prática arquitetônica com projetos que marcaram uma época.

Foto: www.herancacultural.com.br

Lina posando em sua casa de vidro, para onde idealizou as cadeiras que serão reeditadas pela Etel Interiores

Em sua parceria com Giancarlo Palanti, no Studio de Arte Palma, Lina se aventurou também pelo design de mobiliário. Juntos fundaram uma pequena fábrica de móveis - a Pau Brasil - responsável pela confecção das peças assinadas por ela.

A Casa de Vidro

Foto: www.innsaopaulo.com.br

Casa de Vidro assinada por ela e construída em 1951 na cidade de São Paulo, no Morumbi

A Casa de Vidro é um marco da arquitetura de São Paulo. Construída em 1951, para a residência do casal era oxigenada por um belo jardim, em um terreno de 7.000 m², no Morumbi. O paisagismo da propriedade é um raro exemplo de conservação da mata brasileira original.

O Instituto Lina Bo e P.M. Bardi foi criado em 1990, por uma decisão pessoal de Bardi, com o apoio de Lina. Ambos doaram o acervo pessoal  para promover, pesquisar e divulgar os campos da arte e da arquitetura no Brasil. Além do arquivo da dupla, obras de arte, móveis, documentos, objetos, cerca de 7.500 desenhos de Lina e 17.000 fotografias, foram doados neste gesto significativo para a cultura brasileira.

Foto: http://www.institutobardi.com.br/casa_vidro.asp

Casa de Vidro - ícone de arquitetura de São Paulo vista de dentro

Atualmente a casa é parada obrigatória para arquitetos internacionais que visitam São Paulo, além de constituir uma fonte de pesquisa para estudiosos do gênero de arquitetura e design. Foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT) em 1987, e mais tarde, também pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), como patrimônio histórico.

Homenagem
A Etel interiores resolveu homenagear esta icônica figura de papel tão essencial no histórico do design brasileiro, e trouxe uma linha com cadeiras que remontam suas criações. Confira os modelos logo abaixo:

Foto de Divulgação

A cadeira Bolas de Latão reproduz o modelo criado em apenas 6 exemplares para decorar a Casa de Vidro. Desenhada em 1951, esta cadeira é um dos modelos mais enigmáticos assinados pela arquiteta, por seu forte caráter cenográfico

Foto de Divulgação

As poltronas de balanço tiveram suas linhas arredondadas inspiradas tanto na arquitetura de Niemeyer quanto no estilo orgânico de Bruno Zevi. A Etel respeitou os mesmos padrões do modelo criado em 1948 pela arquiteta

Foto de Divulgação

A poltrona três pés em metal foi considerada uma das primeiras obras de mobiliário a representar uma interpretação da cultura brasileira. Usando tecido e couro suspensos pela estrutura de metal, Lina conseguiu remeter o design ao estilo de desenhos das redes indígenas

Foto de Divulgação

A cadeira Masp 7 de abril foi criada exclusivamente para o auditório do museu e para os cursos do Instituto de Arte Contemporânea (IAC), realizados no Masp. Inspiradas pelas cadeiras de circo, o primeiro modelo de cadeira moderna de São Paulo foi projetado em tecido e estrutura dobrável para facilitar o transporte e o armazenamento. Seu estilo rompeu o internacionalismo das propostas anteriores à 2º Guerra