IMAGEM NA GALERIA: A PINTURA DE TIAGO BOTELHO

Publicado em: 07/10/2014
Cada vez mais o número de exposições e mostras de arte nos trazem de volta as imagens. Houve um tempo em que as instalações contemporâneas dominavam estes espaços e era cada vez mais difícil poder parar por uns minutos em frente a uma parede de galeria e simplesmente contemplar, sem a necessidade quase exaustiva de ter que se compreender um conceito pensado por um artista. A sp-arte de 2014 foi um exemplo disso, artistas de várias partes do mundo estiveram presentes no Pavilhão da Bienal com desenhos, gravuras, fotografia e murais. Tudo o mais contemporâneo possível, com base em temáticas realmente vinculadas ao nosso tempo.


Sp-arte, 2014

No Brasil uma série de artistas e designers tem invadido os locais de arte com imagens produzidas em materiais, suportes, técnicas e temas distintos. Os espaços urbanos também são um exemplo disso e o tradicional grafite abriu espaço para muralistas e pintores que tem exposto nos espaços públicos e privados das cidades, como restaurantes e cafés, lojas e espaços de serviço variados. As imagens tomaram conta das paredes e até mesmo dos objetos de uso cotidianos, como xícaras e pratos.
Tiago Botelho, pintor brasiliense que dialoga diferentes linguagens da pintura, desde o mural, até suportes tradicionais como tela e papel, passando pelas mídias digitais, ilustra bem este cenário. Botelho iniciou sua carreira em 1994, realizando diversos murais públicos pela cidade de Brasília. Recentemente o artista participou da Coletiva “SeuMuSeu”, no Museu Nacional da República e da abertura do projeto Retrato Brasília, no CCBB.


Tiago Botelho, mural no Museu da República, Brasília

Formado em Artes Visuais pela UnB, desde então vem realizando diversas exposições e pesquisas no âmbito da pintura. O artista também desenvolve parcerias colaborativas com diversos grupos culturais, já tendo trabalhado com o Conselho das 13 Avós Nativas, a Universidade da Paz, diversos grupos musicais e teatrais, além de manter um constante interesse pelas artes de rua: isso engloba desde o grafite, até o desenho paisagístico ou, simplesmente o flanar pela cidade, o que faz com que a pintura de Botelho nos leve para cenários quase surreais, entre personagens simbólicos e cenas cotidianas.


Mural em Bloco da 205 Sul, Brasília

O trabalho de Botelho sempre me remete a um van Gogh ou a um Gauguin. A maneira com que a tinta é colocada sobre a tela, a massa pictórica expressiva e os temas trabalhados ficam entre uma paisagem com um ar de vanguarda artística do século passado e o retrato de uma cena contemporânea. Isso dá às imagens criadas por Botelho uma característica distinta, como uma ponte entre dois universos, o do passado e de suas referências artísticas e um do presente, dos lugares por onde Botelho vive. 





Suas imagens intercalam elementos realistas a signos imaginários oriundos de diversas fontes. Brasília parece ser um cenário constante, mas mesclado a algo de mitológico, o que faz com que as imagens sempre pareçam contar uma história.





O mundo real está aí, diante dos nossos olhos. Poder entrar em um museu ou galeria e sair da realidade nua e crua por alguns instantes por meio de imagens pintadas, desenhadas ou gravadas, parece ser um oásis, um universo que só a arte é capaz de nos dar.



Para conhecer mais do trabalho de Tiago Botelho, basta visitar seu espaço na web. Sua trajetória pode ser vista pelo site www.tiagobotelho.org