Roberto Burle Marx, referência máxima do paisagismo brasileiro

Em homenagem ao dia do Paisagista , relembramos a história da referência máxima em paisagismo brasileiro: Roberto Burle Marx

Publicado em: 04/10/2019
Poucos sabem, mas Roberto Burle Marx nasceu em São Paulo, em agosto de 1909, filho da pianista recifense Cecília Burle (membro de uma tradicional família de ascendência francesa) e de Wilhelm Marx, judeu alemão amante da música erudita e da literatura européia. Educado em um lar privilegiado e culto, Roberto herdou dos pais o amor pela música e pelas plantas e, ainda na infância, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde começou sua própria coleção de espécies vegetais com apenas 8 anos.



Por causa de um problema nos olhos, o então jovem Burle Marx mudou-se com a família para Alemanha, à procura de um tratamento. Embora tenha sido criado no Brasil, foi em terras alemãs que ele viu despertar sua paixão pela flora brasileira: ao visitar um jardim botânico com estufa de plantas de florestas tropicais, como a Mata Atlântica, ele ficou encantado e percebeu que seu futuro estava no paisagismo. Quando voltou ao Brasil, ele ingressou na Escola de Belas Artes incentivado pelo antigo vizinho Lucio Costa e assim começou a conviver com Oscar Niemeyer, Milton Roberto e outros profissionais que se tornariam conhecidos na arquitetura moderna nacional.


Projeto de Burle Marx para o Itamaraty, em Brasília

A admiração e o resgate de espécies nativas brasileiras, até então desconhecidas mesmo por botânicos, foi o grande diferencial do paisagista, que gostava de fazer incursões na mata, onde passava dias até voltar com um arsenal de bromélias, orquídeas, palmeiras, filodendros e monsteras que as pessoas não conheciam. Usando-as em seus projetos, ele inseria um toque fantástico e incomum nos jardins, que na época estavam cheios de pinheirinhos, gramas, buchinhos e azaléia – plantas que nada têm a ver com a nossa vegetação.


Paisagismo da Residência Edmundo Cavanellas, Rio de Janeiro.

A amizade com Niemeyer rendeu a ele seu primeiro grande projeto, a sede do Banco do Brasil no Rio de Janeiro. Depois, veio o Aterro do Flamengo e o famoso mosaico de pedra portuguesas em Copacabana. Os trabalhos de Burle Marx dialogavam com a arquitetura modernista da época: as linhas curvas ou retas, com simplicidade e dureza muito particulares, encontravam no paisagismo rico de Roberto um contraponto à pureza e ao minimalismo do estilo. Os volumes de concreto passaram a receber uma “confusão” de plantas que davam movimento ao concreto: aí estava a magia da parceria.


Projeto do sítio onde Burle Marx morreu, em Barra de Guaratiba.

Burle Marx, que era ótimo cozinheiro, cantava bem, compunha músicas e tocava instrumentos, ainda adorava encher a casa de amigos e organizava festas memoráveis – até fora do trabalho ele sabia reconhecer e celebrar o que de belo a vida proporciona. O grande legado do paisagista, sem dúvida, foi a preocupação com o autoconhecimento e a valorização de elementos nativos sem se apoiar em estrangeirismos. Afinal, o uso de espécies exóticas (que não fazem parte da flora original do lugar) para poder ornamentar jardim e quintais demandam grande quantidade de água e são de difícil adaptação ao clima, sem falar que ainda podem trazer problemas, tornando-se ervas daninhas por não possuírem predadores e por gerarem frutos que não alimentam a fauna local. Esse desequiílibro acaba transformando um espaço teoricamente sustentável em um problema.


Terraço do Edifício Gustavo Capanema, Rio de Janeiro.



COMENTÁRIOS

  • Nila - 08/04/2021 08h04
    As vezes precisamos ir para bem distante pra aprender valorizar os tesouros que Deus nos presenteia todos os dias é isso , será u ni con sempre

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