ADRIANA VAREJÃO RELEMBRA TRAJETÓRIA EM LIVRO

Em coautoria de livro, a artista ajuda a remontar sua brilhante trajetória no cenário contemporâneo das artes plásticas.

Publicado em: 09/03/2020
História, arte e emoção. Assim podemos definir alguns dos eixos que norteiam o trabalho de Adriana Varejão. Juntamente à antropóloga Lilia Schwarcz (uma das curadoras da mostra Histórias Mestiças), Varejão escreveu o livro Pérola Imperfeita - A história e as histórias na obra de Adriana Varejão, uma compilação de suas experiências e histórias. O livro promove uma releitura das obras do ponto de vista da artista e oferece um incrível passeio pelo seu universo criativo.

Capa do livro coescrito pela artista carioca Adriana Varejão, no qual sua trajetória é narrada por meio de suas influências e pesquisas.

Pérola Imperfeita identifica várias inspirações que Adriana utiliza para compor seu trabalho. Depois de intensa pesquisa, as autoras conseguiram criar uma obra bastante conceitual e visual. A leitura é leve, pois a narrativa mescla ficção e história. Escrito por Lilia em primeira pessoa, o livro convida o leitor para um passeio pelo mundo das referências de Varejão. A temática é ampla, e parte dela abrange a colonização europeia na América, a reconfiguração da tradicional azulejaria portuguesa, a miscigenação e o incrível contato direto que Adriana Varejão teve com a cultura Yanomami (tribo indígena da Amazônia na qual a artista morou durante um tempo).


A obra Azulejaria Verde em Carne Viva (2000) é parte integrante do acervo da Tate Modern, em Londres.

Versátil e bastante arrojada do ponto de vista estético, toda a obra de Adriana possui uma característica em comum: trazem em seu significado a tentativa de trazer à tona histórias não conhecidas, excluídas das narrativas da história oficial. Por este recurso estar tão presente em todo o trabalho de Adriana, o livro o trata como um de seus grandes elementos centrais. Nesse sentido, Lilia conseguiu extrair de Adriana suas referências e  explorá-las. Assim, empresta a elas uma forma mais definida, como se conseguisse revelar nuances de todas as partes de seu processo criativo.

A ARTISTA

Autoretratos integrantes da mostra Polvo (2014), a qual retrata em 33 pinturas a questão da miscigenação, temática recorrente em sua obra. 

Depois de largar a faculdade de engenharia e abraçar o mundo da arte, há mais de 25 anos, Adriana Varejão se tornou uma das artistas plásticas mais proeminentes de sua geração e da contemporaneidade.  Dona de uma capacidade estética ímpar, sua obra é carregada de valores e referências da cultura brasileira e também da herança de nossos colonizadores. Os azulejos são exemplos claros dessa ligação cultural.


Macau Wall #5 (2001) é um políptico de 4 assinado e datado no verso, uma das mais significativas obras de Varejão. Em 2011, 1,8 milhão era seu lance mínimo em um leilão realizado pela Bolsa de Arte, em São Paulo.

A artista tem ganhado cada vez mais projeção mundial, devido à preocupação social e antropológica que exprime por meio de sua arte. Com ela, Varejão discute questões como a miscigenação. Suas obras conseguem transmitir emoção de forma crua e intensa, como os rasgos viscerais dos azulejos que a consagraram.


Varal (1993) é uma obra que carrega a essência de Adriana Varejão, onde delicadeza e visceralidade se complementam.

Um misto de delicadeza, esquartejamento e arte, as obras são peças impressionantes. Além disso, mostram um nível de comprometimento estético grande, proporcionado por anos de estudo e pesquisa. Por conta sua genialidade e expressividade, Adriana já teve sua obra exposta em diversas lugares do mundo. Dentre mostras e museus nacionais e no exterior, a artista já esteve na Bienal de São Paulo, no Tate Modern, em Londres, no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, o MoMa, entre outros. Muito respeitada no circuito nacional, ganhou também um espaço com seu nome num dos maiores museus do Brasil, o Museu de Inhotim.

SERVIÇO
Pérola Imperfeita - A história e as histórias na obra de Adriana Varejão
Autores: 
Lilia Schwarcz e Adriana Varejão
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 360
Capa: warrakloureiro

 

COMENTÁRIOS

  • Izabel Guedes - 24/09/2014 21h21
    Na faculdade de Artes Plásticas fiz um estudo sobre a obra de Adriana Varejão. Fiquei impressionada com a forma de como ela desvenda verdades históricas silenciadas por serem inconvenientes em um contexto social.

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