Novos conceitos, quando inseridos em um ambiente tradicional, costumam causar impactos. Imagine então o choque que os moradores do tradicional bairro da Vila Madalena, na capital paulista, tiveram ao se deparar com o novo projeto do arquiteto brasileiro Isay Weinfeld, referência mundial e um dos profissionais com maior expressão que atuam no país, assinando projetos como o
Hotel Fasano Las Piedras, a loja
Carina Duek e a
loja Havaianas.
Com uma arquitetura agressiva e arrojada, o seu novo edifício comercial, o Mix 422, é um dos poucos prédios em um bairro cheio de casas, bares e restaurantes, e impacta por seu visual externo. Construído em parceria com a Idea!Zarvos, o empreendimento possui uma arquitetura com personalidade que abriga 24 lofts comerciais com pé direito duplo, área de 70 a 219 m² e coberturas de 323 a 405 m².
A fachada grafite de grandes dimensões com pequenas janelas nas laterais estão sendo criticadas pela população que vive na região, que está acostumada com a visão desempedida graças a pouca quantidade de edifícios no local. O polêmico prédio, ainda inacabado, corta de fora a fora um pedaço do quarteirão formado pelas ruas Fidalga, Aspicuelta e Fradique Coutinho e as reclamações ganharam as ruas e as redes sociais. Curiosidade: a Rua Fradique Coutinho é a mesma que abriga um dos projetos mais famosos e bem criticados do arquiteto, a
Livraria da Vila.
“Paredão horroroso”, “verticalização que vandaliza a vista”, “descaracterização do bairro”, “agressivo” e “árido” são alguns dos adjetivos que o Mix 422 já recebeu. Em uma declaração, Weinfeld afirmou estar “completamente confortável” com a obra e que respeita a opinião das pessoas, lembrando que o edifício ainda não está pronto.
Já Otávio Zarvos, sócio da construtora responsável pelo prédio, defendeu o projeto e ressaltou suas qualidades urbanísticas. De acordo com ele, apenas uma casa foi demolida para dar lugar à construção, que ocorreu em terrenos onde funcionavam estacionamentos. Além disso, segundo ele, suas três frentes, todas com cerca de apenas dez metros, serão abertas à calçada. Uma terá comércio no térreo, e a outra, um bicicletário - diferente dos edifícios murados e gradeados que não se comunicam com a rua.
Projetos arrojados que propõem uma nova estética desafiam e provocam a todos, que são obrigados a consultar e rever seus próprios padrões estéticos e de referências. Como consequência inevitável, reforçam a idéia de que “a arquitetura é a mais pública das artes" .
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