MOBILIDADE URBANA EM CHEQUE

Evento contou com a participação de arquitetos como Marcio Kogan e Raquel Rolnik e discutiu problemas e soluções para o tema.

Publicado em: 10/11/2013
Não tem como negar: mobilidade urbana é tema de discussão atual e fundamental em quase todas as grandes cidades do mundo. Carros, ônibus, metrôs e trens parecem não ser bastante para a cresecnte demanda de usuários em São Paulo, Nova York, Paris, Londres, entre inúmeras outras metrópoles que lidam a toda hora com essa questão. Saídas como bicicletas e até mesmo caminhadas ganham força, mas é preciso mais estudo, mais trabalho e mais discussão entorno do assunto.



O Fórum de Mobilidade Urbana promovido pela Folha de S. Paulo este mês trouxe essa pauta à tona e convidou arquitetos, urbanistas e governantes para dois dias de encontro, durante os quais poderiam propor soluções para os problemas de transporte das grandes cidades que, se não enfrentados agora, além de prejudicar a qualidade de vida dos atuais moradores das zonas urbanas, comprometem a das futuras gerações também.



Marcio Kogan, um dos arquitetos convidados para o fórum, participou do painel "Políticas de urbanização, o uso do espaço público e os centros das cidades como áreas residenciais" e, de acordo com ele, um dos grandes problemas de São Paulo é a especulação imobiliária da cidade. Entre os exemplos citados por Kogan está o Elevado Costa e Silva, o Minhocão, que para ele representa "uma agressão à cidade". "Deveria ser feito um parque linear no lugar. Aquilo tem que ser desativado. É um entrave ao desenvolvimento da cidade", afirmou.
Outro ponto levantado foi a elaboração de políticas públicas sobre urbanismo. A professora Raquel Rolnik, da FAU-USP, ressaltou que zoneamento de lotes privados não deve ser prioridade, nem pontes e viadutos. "Devemos nos perguntar sobre como criar um espaço público de qualidade, que privilegie a mobilidade urbana como política prioritária de São Paulo". Otimista, no entanto, ela conta que uma parcela dos paulistanos está, sim, disposta a viver de outra maneira, e a existência do fórum seria uma prova disso.



Para que essas mudanças sejam possível, é preciso acompanhar os desdobramentos do novo Plano Diretor da cidade de São Paulo, enviado pelo prefeito à Câmara dos Vereadores em setembro. A questão da densidade urbana é um dos pontos centrais do novo plano, e fundamental para que a mobilidade da capital funcione. "Adensamento não significa verticalização", ressalta Raquel Rolnik, que destacou os benefícios desse processo, mas alertou que precisa ser executado de maneira cuidadosa para não resultar em habitações que não atraem pessoas.
Os muitos outros questionamentos e caminhos apontados no fórum devem sair do ambiente acadêmico e ganhar espaço agora na agenda social para que seja possível realizar uma gestão eficaz do transporte, otimizar a infraestrutura existente e criar políticas públicas e planejamento urbano. Só assim um novo cenário será possível.