PAISAGISMO RURAL

Cada dia mais procurada por clientes, a modalidade começa a ganhar o interior do Brasil.

Publicado em: 01/10/2013
O início da história brasileira está intimamente ligado ao espaço rural: as grandes fortunas e poderes estavam concentrados em senhores que moravam, invariavelmente, em fazendas com uma estrutura que lembra os feudos medievais europeus. Nessa época, fazendeiros investiam em suas terras a fim de transformá-las em um retrato fiel de seu poder, bancando construções arquitetônicas e paisagísticas que refletissem seu status. A industrialização e a consequente mudança de grande parte dos brasileiros para a cidade fez do Brasil um país urbano, no qual as fazendas voltaram-se para a produção de commodities agrícolas e pecuárias, passando a ser vistas como um lugar de trabalho, uma fábrica, e não mais um lugar para viver.

Agora, com uma busca maior por qualidade de vida, donos de fazendas, sejam elas produtoras ou não, estão à procura de recursos que façam da sua propriedade um lugar especial, humanizado. É aí que entra a procura por um paisagismo rural bem planejado, que vai de encontro com o gosto, desejo e condições financeiras do cliente. Afinal, no local em que plantas e a própria área rural são usadas para produção, por que não dispensar um certo cuidado para enobrecer o espaço comum da fazenda e ainda ajudar a preservar o ecossistema?

O projeto de dois mil metros quadrados da Fazenda Garrote, executado pela arquiteta Claudia Zuppani, por exemplo, tem como diferencial a harmonização entre arquitetura e natureza. Elementos rústicos como a madeira, tijolos e telha aparente foram inseridos para evidenciar o aconchego e o intimismo, em contraponto com alguns elementos mais contemporâneos. A profissional se preocupou em garantir alguns pontos importantes elencados pelos moradores, como a ventilação cruzada, o destaque para as varandas, pilares de madeira e o telhado em cerâmica aparente. Uma piscina com borda infinita homenageia o lago e para garantir maior sombreamento, a estrutura da varanda acompanha parte do percurso da piscina. Clique e confira o filme sobre a Fazenda Garrote.



Ao contrário do que se pensa, o paisagismo rural vai além de embelezar a paisagem. Ele está ligado às praticas preservacionistas, indispensáveis à manutenção dos elos essenciais ao equilíbrio do meio ambiente nas áreas de sua implantação. De acordo com a paisagista Fernanda Simão, que trabalha na área há 20 anos, essa ligação com jardins é um fator cultural que tem mudado drasticamente nos últimos anos. “O proprietário precisa estar ciente dos cuidados necessários para se manter um jardim e também sentir prazer em usufruí-lo. Tanto que tenho alguns clientes que não permitem que tiremos fotos das suas áreas particulares, pois são espaços bem íntimos”, explica.





Após decidir criar o jardim, tanto o que circunda a sede da fazenda, bem pequeno, como o que abrange uma área maior no entorno desta, o paisagista deve informar ao cliente quanto irá investir em tempo, dinheiro e mão de obra com ele. Fernanda, no entanto, ressalta que os melhores jardins são aqueles de baixa manutenção, o que diminui seu custo. “Uma das coisas que mais encarece a montagem e manutenção de um paisagismo rural é a localização da fazenda, a dificuldade para chegar até ela, pois no tocante ao solo, clima, entre outros fatores, não existem entraves. O bom profissional faz um projeto de acordo com as características da região”, afirma.





Não há limites para a criatividade: podem-se misturar plantas nativas com exóticas, optar por um jardim somente com aquelas, ou só com estas, desde que agrade ao cliente, e que ele consiga mantê-lo adequadamente. O proprietário deve ponderar se vai automatizar a irrigação, se irá contratar uma equipe para ficar por conta da manutenção, se precisa comprar algum maquinário apropriado, entre outros fatores – tudo em função de um bom projeto.



Outro fator essencial é observar o entorno e englobar os novos jardins ao contexto rural existente. Matas nativas, árvores e palmeiras da região, represas, rios e cachoeiras, até mesmo a localização da casa (se está em cima ou na base de uma colina, em uma área plana,  perto de um lago, etc) devem ser levadas em consideração. “Como estamos falando de grandes propriedades, devemos sempre lembrar que o paisagismo deve ser planejado para ser visto de longe. O ideal é colocar grandes maciços, que numa visão ampla, agrade aos olhos”, ressalta a paisagista.



O paisagismo rural também favorece a prática esportiva e o lazer nas fazendas. Grandes gramados, livres para atividades diversas, pomares, hortas, quadras de futebol, de tênis, píer de apoio para esportes náuticos e pesca esportiva, e até trilhas nas matas vizinhas podem fazer parte do projeto, que não deve deixar de incluir pontos de parada e contemplação, geralmente utilizando bancos feitos com madeira regional e ainda, usar elementos da história local, como carros de boi e outros artigos que personalizam o jardim.


COMENTÁRIOS

  • Carlos - 22/10/2018 21h59
    Olá, Primeiramente parabéns pelo belo trabalho. Possuo junto com meus pais, uma terra com 9,5 hectares, dobrada, com partes planas e partes de aclive e declive. Penso em algum dia aliar a moradia com a produção no campo. Tenho duas dúvidas. 1- Uma terra muito dobrada pode ser um desafio para o paisagismo, sendo isso positivo, podemos dizer que uma terra que tenha pontos que não é possível utilizar máquinas inviabilize esse trabalho? ou restrinja as possibilidades? 2- Gostaria de saber também se é possível ter uma noção de valor por m² ou hectare, algo assim, que consigamos calcular antes mesmo de investir em um projeto elaborado. Um Grande Abraço, Carlos.
  • Luiz De Oliveira Filho - 03/10/2013 12h20
    SALVE AS PESSOAS QUE CONSEGUEM NOS COMTEMPLAR COM SUAS CRIATIVIDADES PAISAGISTAS E NOS ENCANTAR COM CENÁRIOS DE SONHOS.
  • Sandra Machado - 01/10/2013 21h32
    Muito bom gosto!

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