ARQUITETURA PARA A ARTE

O MoMA de São Franciso impressiona com seu edifício modernista assinado por Mario Botta. Lá dentro, obras ainda mais impressionantes.

A grande vocação para abraçar o novo faz de São Francisco uma cidade de característica única nos Estados Unidos. O espírito liberal que a torna ousada, irreverente e dá boasvindas ao que será tendência, especialmente no campo da arte e da cultura, levou-a a conquistar reputação de importante centro artístico. E exemplos disso não faltam. A cidade possui centenas de ótimas galerias de arte e quatro museus importantes que oferecem uma extensa programação o ano inteiro. Deste universo cultural se destaca o espetacular Museu de Arte Moderna (SFMOMA), o segundo maior do país dedicado a abrigar uma coleção de obras modernas, com aproximadamente 26 mil peças, incluindo pinturas, esculturas, fotografias, arquitetura e arte midiática. Visitá-lo é um ritual tão obrigatório quanto ir à ponte Golden Gate.



O museu não atrai a atenção só por seu vasto acervo. Impressiona, já do lado de fora, com a imponência do edifício de estilo modernista projetado pelo arquiteto italiano Mario Botta. Construído em camadas de tijolos avermelhados e com uma enorme torre cilíndrica de pedra branca e preta que permite a entrada de luz, o prédio tornou-se um ícone mundial, atraindo centenas de turistas que desembarcam todos os dias na cidade.



É preciso dedicar algumas horas para aproveitar e usufruir de tudo o que o lugar oferece. O edifício tem cinco andares. No piso térreo encontram-se a loja, o Phyllis Wattis Theater, o café e o espaço para eventos. O segundo andar reúne as exposições permanentes de pintura, escultura, arquitetura e desenho. O terceiro acolhe um fabuloso conjunto de obras fotográficas – o SFMOMA foi um dos primeiros museus a reconhecer a fotografia como arte – com trabalhos de Man Ray, Dorothea Lange, Robert Adams, Robert Rauschenberg, Sebastião Salgado e de muitos outros. No quarto andar podem-se contemplar obras de artes midiáticas e exposições temporárias e, finalmente no quinto andar, mostram-se trabalhos contemporâneos de pintura e escultura. Mas isso tudo parece muito pouco para
a direção do museu. Com o crescente aumento de visitantes e aquisições de novas obras, o museu colocou em andamento um projeto de expansão que prevê a construção de dois anexos na parte de trás do edifício.





O ano inteiro o museu apresenta uma programação imperdível para quem visita São Franscisco. Atualmente estão em cartaz onze exposições, entre elas mostras de gravuras de Paul Klee e fotografias de Henri Cartier-Bresson. Ao completar 75 anos, o SFMOMA organizou uma série de exposições e eventos com uma programação de fazer inveja a todos os museus no mundo. Para começar “De Calder a Warhol: Apresentando a Coleção Fisher”, exposição montada graças a uma histórica parceria com a família Fisher, fundadora da Gap (com certeza você deve ter um boné ou uma camiseta da marca no seu armário). O belo presente impressionou os amantes da arte em todo o planeta e atraiu um público sem fim até o último dia de exibição.



Composta por mais de 1.100 obras de artistas ícones do século XX, a Doris e Donald Fisher Collection é uma das maiores coleções privadas do mundo e está cedida ao SFMOMA em regime de comodato. Da imensa coleção fazem parte grandes grupos de trabalhos de Alexandre Calder, Chuck Close, Anselm Kiefer, Roy Lichtenstein, Agnes Martin, Gerhard Richter, Richard Serra e Andy Warhol. Para perceber a importância deste feito é preciso destacar que, até o momento, São Francisco só havia visto tantas obras reunidas de alguns destes artistas em mostras individuais.
O SFMOMA foi fundado em 1935 por Grace McCann Morley, mas foi graças à generosidade do mecenas irlandês Albert M. de Bender, que viveu em São Francisco entre as décadas de 1920 e 1930, que se iniciou o núcleo da coleção permanente. Bender doou primeiramente 36 obras, incluindo o importante “Carregador de flores” (1935), de Diego Rivera, em seguida 1.100 objetos e, antes de morrer, em 1941, formou um fundo para aquisição de novas obras. Atualmente, os artistas mais importantes da vertente moderna têm trabalhos no museu, como Ansel Adams, Salvador Dalí, Eva Hesse, Frida Khalo, Henri Matisse e Pablo Picasso, formando um acervo de 26 mil obras.



São Francisco, que desde sempre inspirou autores e cineastas, foi o coração da contracultura na década de 1960 e o SFMOMA, fazendo juz à missão de “abraçar o novo”, assumiu o desafio de encorajar estas manifestações de estilos libertários, abrindo as portas para o movimento cultural conhecido como underground. Atualmente, este esforço se reflete nas exposições de trabalhos artísticos desenvolvidos tanto em nível regional e nacional, quanto internacional.
O museu é mestre em lançar novidades. Em 2008, revisou sua política pública para permitir que as coleções permanentes e exposições especiais pudessem ser fotografadas, prática proibida em quase todo o mundo. Foi um dos primeiros museus a lançar site; possui blog, onde o público pode discutir e opinar sobre o serviço do museu, instalações e obras de arte; está no Twitter e no Flickr. De olho no conceito de interatividade, o SFMOMA também pôs à disposição dos internautas uma biblioteca digital que possibilita visitar todas as suas obras. Uma prova de que o SFMOMA, desde a criação, nunca se desviou da vocação de jamais dar as costas ao futuro.