AS CORES DE BEATRIZ MILHAZES

A arte lúdica da pintora convida o espectador para um mundo colorido, em movimento e cheio de formas.

Formas orgânicas repletas de ritmo, movimento, equilíbrio e uma verdadeira explosão de cores. Em meio a essa exuberância cromática, a carioca Beatriz Milhazes mistura referências da arte popular, do carnaval, da flora brasileira e do tropicalismo para criar um universo geométrico, pincelado por um sofisticado padrão óptico.
Para equilibrar tantos detalhes, a artista lança mão de arabescos, círculos, linhas espiraladas e traços retos. O resultado final dessas composições passa aos olhos a aparência de contínua transformação, restando como certeza apenas a precisão estrutural dos desenhos. Alguns críticos chegam a atribuir um forte teor de sensualidade aos quadros de Milhazes em virtude da fluidez intrínseca ao seu trabalho. 



A riqueza de suas criações ajuda a compreender porque a carioca se tornou uma das artistas nacionais com maior repercussão no mercado exterior, figurando no mesmo patamar de personalidades como Vik Muniz, Romero Brito e Irmãos Campana.
Como comprovação de seu renome, Beatriz conquistou um feito inédito para a arte brasileira em 2008, quando um quadro de sua autoria bateu o recorde, estabelecido anteriormente por uma obra da artista, no leilão de arte da Sotheby’s de Nova Iorque, onde sua tela O Mágico (2001) foi arrematada por mais de US$ 1 milhão.



“A minha vantagem com relação a outros pintores talvez esteja na minha insistência em introduzir questões fundamentais para a pintura sem ter medo dos estereótipos do Brasil”, afirmou a artista, em 2007, durante entrevista concedida à revista Bravo!.
O nome de Beatriz Milhazes, contudo, já circulava pelo mundo desde 1993, quando estreou sua primeira exposição no exterior, em Caracas, na Venezuela. Revistas e jornais anunciavam com entusiasmo a descoberta da carioca, dona de uma técnica própria e que não parou de se reinventar desde então.

Mil e uma possibilidades
Com tinta acrílica sobre placas de plástico, a artista pinta, uma a uma, cada figura que compõe seus quadros. Como decalques, as imagens vão sendo transferidas para a tela original, levando vida ao espaço vazio. Quando ocorrem falhas na transferência, Milhazes faz questão de mantê-las, incorporando-as e valorizando-as em suas criações.



Os detalhes minuciosos também podem ser percebidos nas novas investidas da carioca, que descobriu, na arquitetura, outras possibilidades de interação com a arte. Extrapolando as fronteiras das telas, paredes, vidraças e janelas também viram motivo de inspiração para a artista.  
Sua primeira experiência nesse sentido deu-se em 2008, durante uma exposição de seus trabalhos na Pinacoteca em São Paulo. Dez janelas do prédio receberam sua intervenção, com adesivos coloridos e de transparências diferentes que modificavam a iluminação interna durante o dia e podiam ser vistos do exterior durante a noite.



O projeto foi tão bem sucedido que Beatriz foi convidada para replicar a ideia na Fundação Cartier de Paris.  As janelas de vidro do prédio de aço, criado pelo renomado arquiteto Jean Nouvel, receberam duas instalações monumentais da artista, travando um diálogo vibrante entre a arte e o espaço.
Na loja da cultuada editora alemã Taschen, em Nova York, Milhazes também espalhou seu toque de brasilidade, assinando seis painéis pensados exclusivamente para o espaço criado por ninguém menos que Philippe Starck. A comunicação entre o trabalho dos dois levou à livraria cores e irreverência, deixando o lugar, no centro do descolado Soho, com ares de galeria de arte.



Tantos feitos atestam porque Beatriz conseguiu elevar a arte brasileira a um patamar aonde poucos chegaram. Com primazia e sem obviedades, o universo multicolorido da artista enfeitiça os olhos do mundo e prova que o Brasil ainda tem muito do que se orgulhar.
 


Beatriz Ferreira Milhazes é carioca, nascida em 1960. Chegou a cursar Comunicação Social, mas rapidamente percebeu que essa não era sua paixão.
Aconselhada pela mãe, professora universitária e estudiosa de História da Arte, ingressou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (RJ), onde, mais tarde, chegou a lecionar algumas matérias e a coordenar atividades culturais.
A partir dos anos 1990, destacou-se em mostras internacionais nos Estados Unidos e Europa e passou a integrar acervos de museus como o MoMA, Guggenheim e Metropolitan de Nova York. 

COMENTÁRIOS

  • G4m3z - 17/05/2021 13h34
    Nossa que arte linda !!!!!!!👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼👍🏼
  • Sueli Aparecida Almeida Rodrig - 11/04/2014 14h01
    Adorável!!!! Também pinto arabescos... Não sabia realmente a verdadeira essência desses desenhos... Comecei repentinamente a sonhar com esses belos traços... Sonhei durante noites e noites... Então, comecei a pesquisar e querer saber essa procedência... Aí encontrei aqueles desenhos lindos nas letras hebraicas e islâmicas...A partir de então, não consigo mais parar... Talvez Deus quisesse mostrar-me alguma coisa...Adoraria um dia expor meus "sinais taciturnos" para que,TODOS pudessem ver e dar suas opiniões...Estudei na escola Panamericana de Artes, e fiz alguns cursos no Liceu de Artes de São Paulo... Será que um dia conseguirei??? Amo arabescos!!!! Encantada com seu delicado e leve trabalho!!! Parabéns!!! Obrigada por sua doce atenção...
  • Gaby - 24/10/2013 18h07
    adoreiiiiiiiiiiiiii
  • Leda Carvalho Silva - 06/10/2013 20h53
    Gostei muito. Sou arquiteta, design e estudo fotografia. No meio de tanta imagem divulgada, boas e outras nem tanto, algumas, formas repetitivas que cansam, as suas me fizeram parar e apreciar como algo muito agradável. Parabéns e continue com sua leveza linda. Lêda
  • Alziravasconcelos90@gmail.com - 27/07/2013 13h49
    Fã.
  • Simone Vasconcelos - 27/07/2013 03h19
    Belo!!!!! Parabéns! Firme no foco...

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