TENDÊNCIAS EM ESPAÇOS CORPORATIVOS

Yeda Garcia conta um pouco sobre as novas tendências quando o assunto é escritório.

Publicado em: 20/05/2013
Amo a emoção. Penso que sem ela a vida não se completa. Penso também que, sem ela, o exercício da nossa profissão torna-se inócuo, incompreensível.
Alvar Aalto dizia, com muita propriedade, que a arquitetura tem um pensamento que a sustenta: a intenção de criar um paraíso na terra. De fato, por trás de todo esforço arquitetônico digno de ser considerado um símbolo, existe a intenção de se construir formas que deem ao homem a sensação do prazer de viver. Essa é a razão maior da arquitetura.
Trabalhar e, antes, viver.
Escritórios e edifícios corporativos são os locais onde passamos a maior parte do nosso tempo. E são, quase sempre, edifícios com uma proposta arquitetônica padronizada, resultantes de produção industrial e técnica ditada pela globalização desenfreada, sem identidade.
O ambiente de trabalho deve ser antes de tudo um laboratório. Generoso, tolerante, apto a acolher todas as culturas e todas a diferenças. Não devemos ser vítimas do anonimato, da repetição do mundo, das mesmas mesas com as indefectíveis maças mordidas impressas nos nossos mesmos computadores. Para que o espaço de trabalho seja o lugar onde trocamos nossas experiencias, onde riscamos e arriscamos, é preciso que sua forma seja entendida de maneira diferente.
Que seja identificável, apropriável, transformável, carregado de humanidade, repleto de histórias, de objetos, de significados. Deve ser capaz, pela sua singularidade, de proporcionar o prazer de viver, de inventar, de sonhar. Deve haver qualquer coisa que regenere, que nos faça resgatar nossa humanidade, reinventar o ser natural que somos, redesenhar a sociedade.
Trago hoje, para nossa reflexão, duas experiencias que considero importantes, ambas expostas no pavilhão do arquiteto Jean Nouvel, para quem "o ambiente de trabalho não é uma fatalidade, pode-se trabalhar em lugares prazerosos e sentir-se como na sua casa".





Uma delas é a apropriação de um container industrial, para ali instalar um escritório. A maior qualidade desse espaço, sem dúvida, é ser inusitado, fora de padrões, permitindo assim uma grande liberdade na escolha do mobiliário. Foge-se, assim, das rígidas e pobres normas dos tantos metros cúbicos por usuário e dos leiautes previsíveis. A singularidade espacial permite diferentes e específicas formas de sua apropriação. Não sistematizadas, totalmente flexíveis, sem vínculos, sem vícios.
Uma outra forma de criar um espaço de trabalho - que possa romper com o habitual sistema totalitário e repetitivo dos escritórios - é investir em sistema de módulos (como pequenos containers industriais) que redesenhem o espaço, sobrepondo-se e acolhendo, de forma democrática, móveis com outra tipologia. Esses módulos permitem definir seu próprio espaço de trabalho. Proteger-se do vizinho ou avizinhar-se. Com diferentes cores, materiais e texturas, permitem criar com suas torres, irregulares e imprevisíveis, verdadeiros skylines, suscetíveis a mudanças cotidianas.





Acho que é esse o caminho a percorrer. Contrabalançar a avalanche tecnológica que nos atinge com a emoção. Resolver essa equação será o grande desafio de arquitetos e designers desses tempos modernos.