LINA E A CASA DE VIDRO

Uma oportunidade imperdível para quem está em São Paulo: conhecer a Casa de Vidro, um dos principais monumentos da arquitetura, assinada de Lina Bo Bardi.

Lina Bo Bardi, italiana, é um dos principais nomes da arquitetura brasileira. Seu legado artístico é relevante e inspirador não somente pela suntuosidade das obras, mas também pelo ineditismo das propostas e partidos dos quais ela se esmerou, dando força ao movimento Brutalista no país. Com seus projetos, ela influenciou nomes de fundamental importância para a arquitetura nacional, como o gênio vivo Paulo Mendes da Rocha (e, segundo alguns, até o próprio Oscar Niemeyer). Sua obra icônica de maior visibilidade internacional é, sem dúvida, o Museu de Arte de São Paulo, o MASP. Fundado em 1958, já foi considerado o maior vão livre do mundo e passou, imediatamente após a sua inauguração, a figurar entre uma das maiores obras arquitetônicas do país.
Por trás de toda essa expressividade e poder arquitetônico, está uma mulher não menos importante e interessante. Lina e seu marido, o também italiano Pietro Maria Baldi, eram ativistas culturais no sentido real da palavra, com fortes posicionamentos políticos e, não raras eram as vezes que abriam sua casa para reuniões culturais, frequentadas por nomes expressivos que até hoje nos influenciam.



A casa em si, nomeada de Casa de Vidro, localizada no bairro de Morumbi e ocupando 7 mil m², tem uma importância mais singular ainda. Sua construção totalmente sobre pilotis parece flutuar sobre a vegetação e possui uma atmosfera extremamente criativa, através das personalidades, gatos e recepções que abrigava.
Durante muitos anos, a casa manteve-se fechada e com acesso restrito às informações, plantas, fotos e relatos sobre ela. Agora, a casa abre suas portas para visitação pública. Não bastasse esse fato de interesse geral, a Casa de Vidro ainda traz entre suas paredes uma exposição que retrata momentos, objetos e fragmentos do que foi a vida deste casal fundamental para a história recente da arte brasileira. Frascos de perfurmes, fotografias, discos LPs, entre outros objetos usados por Lina e Pietro e algumas intervenções artísticas podem ser vistos pelos visitantes.



Cildo Meireles, artista carioca (sim, aquele que tem um dos pavilhões mais concorridos no museu de Inhotim, em Brumadinho), escolheu os aromas do café para perfumar a casa e relembrar as bebidas preparadas pela arquiteta. Outro detalhe que amplia a percepção sensorial, ajudando a criar uma atmosfera mais real, é a coletânea musical feita por Cinthia Marcelle, que toca na vitrola do casal. É quase uma viagem no tempo. Tempo que não conhecemos e não vivemos. Tempo no qual um dos gênios da cultura brasileira, ironicamente italiana, lapidava ideias e conceitos daquilo que hoje entendemos como arquitetura nacional e todas as suas derivações.

Esta imperdível exposição estará aberta até o dia 26 de maio deste ano.