STREET ART IN LONDON

Daniel Mangabeira direciona seu olhar para a cena do street art londrino e conta a história de alguns desses artistas.

Imagino que para um artista de rua ou grafiteiro, como queira, a alegria do trabalho não esteja apenas no resultado final, mas no processo criativo e no ato de fazer o seu trabalho. A arte de rua é efêmera em sua essência. Não é feita para durar para sempre e é executada sem a preocupação de ficar perfeita. Essa despreocupação na verdade a deixa pura, sem frescuras e a transforma em um tipo de arte onde o visível é o essencial. A pressão causada algumas vezes pela ilegalidade das obras faz com que essas imperfeições não possam e não consigam ser camufladas, mesmo assim, o que vemos muitas vezes são perfeitas obras de arte a céu aberto. Cruas, puras, vivas e cheias de significados.



Aqui em Londres na região de Shoreditch há diversos trabalhos de inúmeros tamanhos, formas de expressão e estilos diferentes, onde os vazios espaços urbanos e arquitetônicos são preenchidos com arte e boas pitadas de humor, comum ao comportamento britânico.



O trabalho de Ben Wilson pode passar desapercebido por 99,9% dos transeuntes, mas àqueles mais atentos que descobrirem suas criações em cima de marcas de chicletes nas calçadas, irão se deleitar com pequenas relíquias quase camufladas nas ruas de Londres.













Há outros mais puristas, como Paul Don Smith que tem uma das marcas registradas de sua atuação nas ruas londrinas representada por uma pessoa sentada com um torneira na cabeça. Simples, porém marcante.



As histórias que envolvem a vida desses artistas são muitas vezes surpreendentes. Ben Eine, por exemplo, era funcionário do famoso Lloyd’s of London e após seu chefe saber do seu hobby grafiteiro, foi sumariamente demitido. Hoje tem seu trabalho mundialmente reconhecido e foi recentemente contratado para desenvolver um projeto para a Louis Vuitton.



Outro artista muito conhecido aqui em Londres é o Roa. Seus trabalhos enormes chamam a atenção não apenas pelo tamanho, mas pela força dos traços e perfeitas proporções.



Stik, um dos atuais artistas de rua mais conceituados, virou marca registrada e internacionalmente conhecido por seus bonecos simples e expressivos. Seus traços minimalistas adquiriram essas características por ter sido ele morador de rua e consequentemente não ter recursos para adquirir material de trabalho.





Dentre as obras que podem ser vistas nas ruas londrinas, uma das que mais me emocionou foi a do artista Pablo Delgado. Trabalho delicado, pequeno, discreto, mas simbolicamente forte. Um estrondo!



Impossível ficar indiferente à obra de El Mac.



Arte de Rua, grafite ou qualquer nomenclatura que queiram dar, é a expressão artística mais inquietante aos olhos daqueles que passam a entendê-la. Os desenhos daqueles que transformam espaços dantes inexpressivos trazem arte genuína e gratuita ao alcance de todos. Apreciados ou não, é impossível manter-se indiferente a essas obras. Parar durante 10 segundos diante de uma dessas pinturas, traz à tona o desejo de também deixar a vida mais bonita transformando mesmo que em preto e branco, espaços e pessoas feitas de uma cor só. Pura arte.

Artista: Mobster



Artista: Vhils





Artista: Conor Harrignton

Fotos: Daniel Mangabeira

COMENTÁRIOS

  • Breno Rodrigues - 23/04/2013 00h12
    Street Art de Londres realmente se destaca no cenário mundial pela diversidade de linguagens, fugindo do caráter meio tribal de alguns grupos de pixadores!!! As diferentes abordagens e linguagens criam um universo único!!!

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